quarta-feira, 19 de julho de 2017

Memórias



E quem diria que no fim tudo terminaria apenas em memórias e uma música ouvida várias vezes. Que todos aqueles sorrisos sinceros e palavras trocadas com tanto amor se tornaria um silêncio insuportável. E que aqueles abraços que faziam nosso tempo parar e nossas trocas de olhares que me fazia ouvir teu coração e me misturar nele, dariam lugar para a solidão.
Não... isso parece ter mudado!
Não há mais aquela ansiedade de quando você estava prestes a chegar que me fazia sorrir à toa e imaginar o tanto que eu te beijaria e tudo que eu te falaria e faria. Nem os incontáveis planos que fizemos sobre o nosso futuro naquela noite.
            As cores do mundo que antes eram tão vivas, o brilho do sol no final do dia, o som do vento que batia nas folhas das arvores e trazia aquele cheiro do seu perfume eu troquei pelo silêncio.
            O que havia em você naquele tempo se perdeu, ou talvez o que eu desejava parou de fazer sentido.
            Mas para onde foi todo aquele sentimento? A sensação de poder contar com você quando lhe contava meus segredos? As infinitas conversas de vários assuntos que nunca acabavam, que me fazia sorrir ao te olhar? A sensação de ter me misturado com você? Pra onde foi a necessidade de te amar e o medo de perder aquilo que parecia ser perfeito? A vontade de te cuidar para sempre e te defender de todo o mal?
            Antes eu não imaginava minha vida sem você, como se tudo fosse se perder pra sempre, hoje parece que tudo que vivemos nunca aconteceu, parece uma pessoa estranha qualquer, que anda pela rua com a qual nunca tive nenhuma relação.

Até que ponto o que parece ser perfeito e infinito é real? Às vezes é só mais uma ilusão.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sob suas asas




          Hoje ela não estava lá. Eu acordei sem sua companhia. Por muito tempo desejei por sua partida, achei que ela viria junto com tudo que sempre busquei, com toda a felicidade, mas não. Não foi bem assim.

         Ela era amarga, pesada e exigia muito de mim. Ela não gostava dos meus planos e nem de minhas tentativas, e sempre ria das minhas falhas e dos meus planos frustrados, mas logo em seguida me abraçava e me Cobria com suas asas. Como que com um manto, e eu me sentia totalmente submerso, afundando sem me mover, envolvido em um oceano frio e pesado.

          Sua presença era desagradável, mas durante muito tempo, mais do que consigo me lembrar, ela esteve aqui, me dizendo o que eu não deveria fazer. No caminho que eu planejava traçar, desejei deixa-la assim que encontrasse meu tesouro. hoje ela não está aqui, só que meu tesouro não ficou no seu lugar. Eu acabei ficando na metade do caminho. Um caminho desconhecido por mim e por meus planos.

         Apesar de tudo, nos momentos de solidão ela sempre esteve lá, e quando eu fechava meus olhos e desejava voar como o vento, ela me acompanhava. Eu sempre estava envolvido pelo seu manto, principalmente durante as noites escuras e frias.

sábado, 19 de setembro de 2015

Ela...

Ela vem como a chama que caminha lentamente sobre as folhas secas,  ela se aproxima destruindo e machucando. Deixando marcas que nunca vão desaparecer.
Ela é calma, e vem como a água que devagar começa a cobrir uma pequena ilha, trazendo o desespero para aqueles que não podem fugir.
Não existem mais barreiras para o fogo e nem barcos salva vidas para escapar, e mesmo assim ela continua a chegar. Com seus passos cada vez mais ligeiros para tomar o que restou, mesmo já tendo consumido quase tudo e mesmo que tenha trazido tanto tormento.
Seus caminhos são pouco previsíveis,  e seus golpes são certeiros como uma flecha que nunca erra o alvo e poderosos o suficiente para ferir a alma e destruir sonhos, mas apenas aqueles que voam fácil e que existem nos corações que ainda tem esperança.
Sua existência se vincula ao que a alimenta,  ela só se move para onde é guiada, pois seu coração é puro como o céu e suas intenções são absolutas.
Ela queima como o fogo por que há algo para ser queimado e trás o desespero para os que dela se escondem. Ela deseja ver tudo como realmente é, mas sempre acaba machucando. Não só os que são maus, mas alguns que tem bondade no coração, que tornaram-se seu alvo por viverem em um mundo quadrado. Por terem sido forçados a virarem alvos, para conseguirem sobreviver.

O que resta no fim das chamas são as cinzas, e depois das águas é a sensação de ter sido afogado. Depois que aquilo for perdido, virá uma nova forma de viver, talvez ainda com marcas de queimadura, com o cansaço e com a tristeza do que se perdeu. Mas talvez, com a alma limpa.
         Atrás de seus passos, existem novos caminhos para novos destinos serem traçados, destino daqueles que são escolhidos.
Talvez exista a luz no fim do túnel, o difícil é o caminho até lá.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A casa que não morava ninguem


“Seu desejo foi tão grande que acabou soterrando-a e a expulsou de seu próprio mundo. De um mundo que não poderia ter habitantes, de um mundo perfeito”

          Um dia existiu alguém que possuiu um desejo, o desejo de ter uma casa. Era um desejo pequeno, tão pequeno quanto um caroço de feijão, e ele foi alimentado pelas ilusões de felicidade e também pelas desilusões de sua ausência, encontradas naquele caminho que ao mesmo tempo que foi escolhido, não foi escolhido, mas foi perseguido as escuras.

          Um dia as desilusões invadiram aquele alguém e o pé de feijão cresceu mais um pouco, alimentado pela tristeza. E por um momento, ele serviu como ajuda, trazia um pouco de alívio à alma, enquanto sugava um pouco da dor e crescia mais um pouco.

          Pouco a pouco, sem que aquela pessoa percebesse, seu desejo estava ficando cada vez maior, e a necessidade de realizá-lo para poder fugir das desilusões se tornou um vício.

          Quando seu desejo foi realizado, ele já estava maior que antes, então não foi o suficiente, e a busca pelo aperfeiçoamento do sonho se iniciou. Nessa casa também existiam outros desejos, e eles moravam juntos, pois havia muito espaço para todos. Mas um dia esse espaço começou a diminuir.

          O desejo dela se tornou grande de mais, tão grande que suprimiu todos os outros desejos que ali viviam, eles não puderam mais existir onde não havia espaço para viver.

          No dia que a casa se tornou perfeita, qualquer desejo a mais, a tornaria imperfeita, então para o grande sonho ser realizado, os outros desejos desapareceram. E quando a casa se tornou perfeita, a mente finalmente se tornou limpa e sozinha.

          Mas os humanos nunca se completam totalmente, por esse motivo, a lacuna de sua incompletude deu lugar para a solidão, então surgiu o arrependimento, a tristeza, a culpa, o medo e a saudade, e uma mente imperfeita não poderia existir em uma casa perfeita, então, para continuar nela, aquela pessoa tentou fazer como da primeira vez, tentou deixar a casa ainda mais perfeita, para que ficasse em paz.

          E durante alguns anos ela aperfeiçoou incansavelmente sua casa, dia após dia, até o tempo em que não havia mais nada para mudar, e então a solidão voltou.

          Nessa hora ela finalmente olhou para dentro de si e finalmente entendeu que não podia ser perfeita como sua casa, ela entendeu que era imperfeita, e também percebeu que não podia mais morar nela. Seu desejo foi tão grande que acabou soterrando-a e a expulsou de seu próprio mundo. De um mundo que não poderia ter habitantes, de um mundo perfeito.

          Finalmente, fora de seu vício, ela viu que tinha perdido muito tempo tentando curar suas dores do coração, com algo que estava fora do corpo e que por isso, não podia entrar em sua casa. E só quando suas dores se tornaram menores, depois de encarar o espelho de frente, ela pôde voltar para sua casa, que agora era imperfeita, mas com espaço suficiente para os outros desejos morarem novamente e expulsarem a tristeza, a culpa, o medo e a saudade e trazer de volta a alegria que a muito tempo havia deixado aquele lugar.



sábado, 25 de abril de 2015

Indecisão



“Talvez tu juntes forças para olhar para frente e veja para que lado que o vento sopra e pare de ir contra seus cursos. Por que seus olhos só podem ver o que você permite que eles vejam, e tuas pernas só podem te guiar para onde consegues olhar”

          Eu te dou um tempo para tua indecisão, para perceberes que não adianta lutar. Te dou um tempo para esgotares tuas forças em atitudes que vão contra quem tu és. Te dou um tempo para olhares para dentro de ti e veres o que não queres ver. Te dou um tempo para ouvires teu coração e perceberes que eu estou nele, e nesse dia tu vais me procurar com mais segurança de si e mais ardente que o primeiro dia, com um tom de liberdade e leveza. 
          Porém, se mesmo depois de todo esse tempo não me procurares e escolheres lutar por mais tempo contigo, inutilmente, escondido no próprio silêncio, ainda terás o que ficou guardado daquele único momento. Ele será como um baú de tesouro escondido no sótão ou como uma lembrança que servirá válvula de escape para o teu sofrimento contínuo feito daquela única memória do passado. Ele te machucará tanto quanto um buraco no peito e te assombrará com sentimentos de fraqueza e covardia. E se o tempo passar e eu deixar de te esperar, só sobrará o arrependimento depois que te libertares de ti. 
          Talvez com essa dor, finalmente consigas olhar para o que tanto te machuca e talvez tu lembres que um dia eu te esperei. Talvez tu juntes forças para olhar para frente e veja para que lado que o vento sopra e pare de ir contra seus cursos. Por que seus olhos só podem ver o que permites que eles vejam, e tuas pernas só podem te guiar para onde consegues olhar. Se continuares olhando para o lugar onde não queres ir, tuas pernas continuarão te levando para longe de ti.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Eu não preciso mais


“as mentes que maquinam a discórdia e a vingança são como pequenos balões preenchidos com cimento e pesam como âncoras de grandes navios, podendo atrasar não só a sua vida, mas de todos ao seu redor”

Eu não preciso mais ser aquele que ficava esperando as coisas boas acontecerem, que deixava tudo para lá para não perder ninguém.
Eu não preciso estar sempre presente em lugar que não quero estar, para manter algo que não me interessa tanto assim.
Eu não preciso me prender tanto a quem só pensa em si, porque eu tenho quem sinta a minha falta e quem me dê tanto quanto recebe.
Eu não preciso mais me cansar tanto estando perto do que não quero estar e aceitando o que eu não quero aceitar.
Eu não preciso de nada disso porque eu estou aprendendo a voar, eu cresci um pouco e já tenho altura para subir no meu balão de gás. Balão que eu mesmo construí durante minha vida.
Foi no dia que ele ficou pronto que eu cresci mais um pouco, foi quando eu pensei em quem eu iria querer levar comigo, quando eu lembrei quem realmente importa, quem esteve do meu lado, quem esperou por mim e mais importante de tudo, quem me faz bem, foi depois de criar minha lista de pessoas que eu percebi que já tinha altura para viajar no meu balão.
Ele vai voar alto porque só tem o que me faz bem, e o que faz bem é leve. Eu descobri que algumas pessoas são pesadas demais, e com elas, eu não poderia ir alto como eu quero, por isso elas vão ficar. Eu não vou sentir falta do que me deixava também pesado, eu não preciso de ancoras no meu balão, porque eu quero ver as estrelas mais de perto. Não quero voar como as pessoas que têm seus balões tão pesados que arrastam no chão e nem quero demorar uma vida inteira para alcançar os céus.
Alegres são aqueles que são leves, pois suas tranquilidades acalmam os corações dos que estão próximos e os relembra que o amor não tem vaga em um coração agitado, pois as mentes que maquinam a discórdia e a vingança são como pequenos balões preenchidos com cimento e pesam como âncoras de grandes navios, podendo atrasar não só a sua vida, mas de todos ao seu redor.
Esses não contemplarão a luz das primeiras estrelas que surgem no leste no inicio do anoitecer e estarão muito ocupados com suas tramas e suas inquietudes para enxergá-las durante o restante da noite.

Eu vou voar. Voar tão alto que para os que são pesados, serei inatingível e não poderei mais ser corrompido pelo que me fazia mal, porque não vou guardar nada que me pese, pois estarei olhando para os céus que tanto quero alcançar.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Um balão na Bolha de sabão


Eu queria poder criar um mundo novo sempre que cansasse desse, queria que minhas mil ilusões se tornassem reais e se alternassem de acordo com meu humor.
Eu queria fechar meus olhos e voar em uma noite fria pela imensidão do mundo, olhar para as inúmeras pequenas luzes que iluminam as casas.
Eu queria uma nova emoção, uma daquelas que parecem que fazem o coração rasgar de felicidade, que mostra que ainda existem mais coisas no mundo que eu não conheço.
Eu queria ser esquecido por todas as pessoas por um dia, para que eu pudesse ver como seria o mundo sem mim e para eu poder ser uma nova versão de mim mesmo antes que tudo voltasse ao normal.
Eu queria um dia poder fazer tudo de bom que me viesse a mente e receber apenas respostas positivas.
Eu queria acordar no meio de um sonho bom e levar ele para minha realidade.
Eu queria poder segurar um balão e um guarda-chuva e ser surpreendido vendo onde o vento iria me levar.
Eu queria sair andando sem rumo sem me preocupar em como e quando voltar.
Eu queria ter uma pequena casa de vidro no fundo de um oceano para poder me esconder do mundo quando estivesse triste e ouvir minhas musicas enquanto vejo os primeiros raios de sol iluminando um pouco o que tem lá em baixo.
Eu queria tomar banho na chuva com toda a minha família e brincar com balões de água.
Eu não queria ter que perder todos os meus sonhos que para mim são importantes e viver nesse mundo sério.
Eu não queria que me pedissem coisas que eu não consigo dar. Eu sei que às vezes parece pouco, mas é o que eu consigo fazer com esforço. Talvez eu apenas não consiga retribuir algo da forma como as pessoas querem.
Eu não queria que dissessem que o que eu faço é pouco útil ou bobo, pois às vezes, é algo extremamente importante pra mim. Às vezes é uma das formas que eu encontrei de me defender do mundo e eu tenho medo de um dia me deixar levar e acabar perdendo-a.

Eu não queria ser julgado por viver na minha bolha de sabão e não querer ser como os colecionadores que não sabem por que colecionam. Mesmo que eu já tenha uma pequena coleção.